Consulta (de uma mulher com TPM)ao oftalmologista:

- Boa tarde, é consulta?
- Sim. (Eu penso: não! Vim comprar pão!)
- Me empresta a carteirinha. É a 1ª vez?
- É.
- Já te chamo pra preencher a ficha. Pode aguardar.

Sento no único lugar vago. O consultório está cheio e penso que vai demorar uma eternidade. Melhor pegar uma revista.
Quando começo a folheá-la, ouço uma música infernal vindo do fone de uma cidadã sentada ao meu lado. Me expliquem, por que uma pessoa ouve música alta se está com fone de ouvido, ainda mais na sala de espera de um consultório? Ok, eu respiro fundo e desisto de ler, afinal a revista também não ajudava muito, a mais recente era de 2003.

- Camilla?
Eu levanto.
- Estado civil?
- Solteira. (Que diferença faz o meu estado civil quando vou ao médico?)
Após o questionário com profissão, data de nascimento, endereço, telefone, idade; sento novamente. E a música, agora mais alta, continua. Penso em pedir para a cidadã baixar um pouquinho o volume, mas sou salva pelo médico que a chama, alias a chama 3 vezes, pq a infeliz não escutou.

Continuo esperando e começo a prestar atenção à sonoridade ambiente. Ao meu lado está um casal típico mongolóide. Os dois devem ter no máximo 18 anos, usam aliança prateada (qual a finalidade de uma aliança de prata?), e se comunicam com risinhos e grunidos. Devia ter trazido um livro.

Quando consigo deletar a dupla e seus sons bizarros, ouço uma voz de criança. Putz! Era só o que me faltava! Mas, para meu alívio, não entra nenhum ser com menos de 15 anos na sala. Procuro a voz e acho a recepcionista. Por que a corna tem que fazer voz de criança pra falar? E ela fala o tempo todo: o telefone toca, é paciente que chega, alguém puxa assunto. Isso sem contar o nome da ser humana. Mas, enfim...

Entra outra paciente. Senta no lugar do casal que acabou de ser chamado. Ouço uma música estridente. É o celular dela tocando. Ela atende. Atende não, grita ao telefone! Eu penso, seria melhor procurar um otorrinolaringologista.

Depois de longos 40 min, sou atendida.
Como se já não bastasse toda a sala de espera, descubro que estou 0,75º mais cega.